Page 95 - AMERICA DO SUL AEROSPOSTALE
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No terceiro dia, afundando em uma ravina, ele ouve galos cantando e
assobiando trens.
No quarto dia, uma águia o segue por muito tempo. Ele olha para o riacho
e acha que seria bom soltar suavemente a água. Ele aperta as fotos de
sua esposa no bolso. Os faróis que ele vê na planície lhe dão moral.
No quinto dia, finalmente, uma mulher, a quem sua aparência a princípio
assustou, recolheu-o em sua cabana, serviu-lhe leite de cabra com brandy
e mate. No dia seguinte, ele é evacuado a cavalo e depois de carro. Um
avião pousa em um campo, Saint-Exupéry e dois companheiros descem,
que correm em sua direção a toda velocidade. Abraços. Henri Guillaumet
começou a chorar e disse: "O que eu fiz, eu juro, nenhum animal teria
feito isso".
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Na foto tirada pouco depois, ele se debruça contra Antoine de Saint-
Exupéry, que, sob o braço protetor, parece tê-lo transformado em um
Pequeno Príncipe.
Guillaumet usa um lenço, ele sempre tem o capacete de couro. Os
quinze quilos perdidos, as pálpebras pesadas e a fadiga extrema que
envolve as sobrancelhas lhe dão um ar infantil.
O escritor de aviadores tomará cuidado para dar a estas poucas palavras
toda a publicidade que merecem.
Em "Terre des hommes", ele conta o épico de Guillaumet, e em
contraponto à história de seu próprio desaparecimento no Saara.