Page 77 - AMERICA DO SUL AEROSPOSTALE
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Precisamos consertar o Laté. Aqui estamos novamente em frente ao
avião. No trabalho! Meu velho Collenot é um mecânico inigualável. É para
ele, para sua prodigiosa habilidade, para sua energia, que devo ter
escapado da morte no planalto dos Andes. Felizmente, ele tem todas as
ferramentas à mão.
No final do dia, a noite é passada remendando de alguma forma, o infeliz
zinco. Mas o trabalho é lento. O frio. E Fome. De tempos em tempos,
escapamos, exaustos, na cabine do passageiro, para respirar.
Tesoura, chaves inglesas, martelos de trabalho. Collenot, para reparar,
usa coisas improváveis: cordas, pedaços de tecido ou roupas.
Para aliviar a aeronave, demolimos os assentos, a tubulação
desnecessária, o controle duplo do avião,
tanques vazios. Tudo vai lá. Nos aquece. Nosso velho Laté é
irreconhecível.
Esvaziamos o combustível, mantendo apenas a quantidade necessária
para uma hora de voo, chega a manhã. Estamos longe de estar prontos.
As horas fluem, monótonas, no trabalho implacável.
Outra noite vem. Mas devemos parar por falta de luz. Nós seremos uns
contra os outros para nos aquecer, na esperança de encontrar algum sono
e esquecimento da fome. Naquela noite, o termômetro excede -20. O
terceiro dia começa. De alguma forma, o dano foi reparado. Agora
devemos iniciar o motor.
Fadiga, o raro ar de altitude tirou nossa força. E nós não comemos por
dois dias.
Depois de quatro horas de esforço, um rugido ecoa no silêncio da
montanha: o motor está funcionando, finalmente! Nossa alegria é de curta
duração: o radiador quebra!
Por todos os lados, a água escapa. Nós nos olhamos, desanimados.
"Devemos reparar", diz Collenot.
Reparar, mas com o que? Nos falta o indispensável. Nós devemos fechar
os buracos. Armado com cola, verniz, arame, roupas velhas e pedaços de
couro, Collenot vai para o trabalho. O cara elegante! Sua energia é
inesgotável.
O dia continua fazendo consertos singulares.